18 de jun. de 2009

A Ilustre Casa do Viúvo

08 de maio de 2009 (sexta)

Diante do perigo de um lagarto enorme (que mais parecia um dragão de Komodo) rondando um terreno baldio, adverti um menino que morava em frente ao terreno e o ajudei a entrar na sua casa. Agradecido, o pai do menino me convidou a entrar. Era uma casa grande e aconchegante, bem compartilhada; tipo classe média, porém na frente de um terreno baldio.

O homem devia ter seus quarenta e tantos anos, era viúvo, morava com o pai e os quatro filhos do sexo masculino, incluindo o menino, que aparentava ter 6 anos (o caçula decerto); o mais velho devia ter vinte e oito.

Cada um tinha seu respectivo quarto junto com seu respectivo banheiro, apenas o quarto do avô não era suíte, na verdade, era um antigo cômodo da casa onde se guardava caixas e objetos velhos, transformado em quarto assim que o vovô também ficou viúvo. Eu não quis indagar a respeito do "desprivilégio" do avô, afinal, não era da minha conta.

A sala da casa era muito bonita, as paredes revestidas de pedras e os sofás muito confortáveis. Tapetes, cortinas, lustres, abajures e até uma lareira compunham o requinte. A sala era um pouco escura, talvez isso a deixava mais aconchegante.

Uma escada de apenas dois degraus dava acesso ao quarto dos filhos que eram perpendiculares a si, ou seja, quem estivesse na frente da porta de um, as outras portas estariam atrás e ao lado (quanto detalhe). Havia mais uma passagem que ligava a sala diretamente ao terraço sem ter que entrar pela porta principal, interessante.

Havia um corredor iluminado por lâmpadas em forma de tulipas, pensei até que fossem luzes de vela. Como estava escuro, imaginei que desse acesso à lavanderia ou ao quintal, foi isso o que deu um ar misterioso à casa, mas me contive a perguntar.

O dono da casa, sempre simpático e sorridente, me tratou com cortesia, me apresentando aos filhos e me convidando a consumir alguma coisa no terraço. Minutos depois, o filho do meio me convidou para assistir a uma partida de futebol no estádio da cidade. Ele devia ter vinte e dois anos, cara de nerd, mas gente boa, foi com quem eu mais me identifiquei dos quatro. O mais velho tinha saído, o terceiro era um adolescente mal-humorado e o quarto, o caçula, é claro.

Fomos num ônibus velho, apertado e barulhento, rumo ao estádio. Sentamos no fundão enquanto conversávamos a respeito de várias coisas, entre elas a enchente na cidade de Sobral. Foi aí que me perguntei se era essa ou não a cidade onde estávamos ou se era apenas a cidade natal dele.

Antes de chegar ao estádio, o ônibus parou numa oficina. O chão sujo de graxa e o alvoroço no estádio (a poucos metros dali) indicavam que estávamos perdendo tempo. Decidimos ir a pé. Condição do tempo: nublado.

Mesmo ao acordar, a lembrança da casa continuava viva, como se eu quisesse voltar a sentir aquele requinte e aconchego novamente, ou apenas para confirmar que se tratava de uma casa térrea.

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1 de jun. de 2009

Bebê a bordo

20 de janeiro de 2008 (domingo)

Entrei com um menininho de colo num ônibus lotado. Quando o ônibus arrancou, segurei os cabos com as duas mãos e coloquei o menininho nas minhas costas – como se faz na brincadeira de cavalinho – e pedi para ele segurar bem.

Fui para o fundão, e ninguém me ofereceu uma cadeira. As pessoas ficavam olhando aquela situação e sorriam, achando tudo engraçadinho.

Quando o ônibus ia mais rápido, achei melhor colocá-lo nos ombros.

O moleque era bem gordinho e pesava [até no sonho dá pra sentir o peso].

O pessoal continuava observando e achando engraçado... Até que o menino dormiu. E eu, com medo dele cair, o ajeitava pra ficar bem grudado a mim.

Na hora de descer, o acordei. Coloquei-o no chão e descemos do ônibus.

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