21 de jun. de 2008

Paz

27 de maio de 2005 (sexta)

Minha família tinha viajado a Belém do Pará num ônibus que, por incrível que pareça, pertencia à banda Calypso. Só que eles se esqueceram de mim; fiquei ainda dormindo no quarto. Minha tia viria de vez em quando checar a casa e trocar a água do cachorro.

À noite fui a uma festa numa praça à beira-mar. Nessa praça, havia mesas e barracas com gente bebendo e conversando. Sentei-me a uma delas e de repente todo mundo começou a jogar bolas de papel um no outro (muito comum em salas de aula); tinha gente que usava até estilingue. A confusão chegou a ficar mais séria e algumas pessoas começaram a brigar.

Levantei da cadeira e fiz um protesto pedindo por paz – tinha feito até camisetas e adesivos, inclusive uma bandeira. Chamei as pessoas para irem à praia, onde eu e um menininho faríamos uma encenação pelo pedido de paz. Cavei um buraco largo na areia da praia, onde o menino entrou, depois o cobri com uma bandeira – listrada de azul e branco, como a bandeira do Uruguai. Fiquei orgulhoso dessa encenação, lembro que no slogan tinha algo escrito como “Não à violência”.

[pausa para rir]

Eu queria distribuir os adesivos para todo mundo, mas os tinha entregue à Sandra Annemberg (do Jornal Hoje). Fui até ela para pedir os adesivos, mas a mesma fez uma cara e um gesto como se estivesse ocupada (e também irritada).

Voltei à praia. Sandra chegou com os adesivos (um pouco arrependida de não ter entregado de imediato) e comecei a distribuir às pessoas. Alguns dos adesivos guardavam um bilhete esverdeando, onde estava escrito ANTIMILITARISMO.

Uma garotinha que estava conosco, e por quem eu tinha um grande afeto, havia se afastado da gente. As pessoas diziam que ela tinha ido às pedras e que poderia se machucar ou se cortar. Fui procurá-la. Quando a encontrei, ela estava entre as pedras e o mar, chorando e um pouco ferida. A menina passava uma energia pura. Peguei-a nos braços e, enquanto a levava de volta à praia, dava conselhos tão afáveis que emocionavam a mim mesmo. Acho que eu disse algo como: “Não faça isso... porque não quero te perder”.



Pintura: "Alison"
Autora: Gaye Lynne LaGuire

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